domingo, 24 de agosto de 2008

Você chora facilmente?


Nesse final de semana eu descobri, ora vejam só, que tenho leitores fora os que normalmente deixam comentários (ou deveria dizer fora o que normalmente deixa comentário?). Isso é incrível - fico feliz por saber que alguém se interessa pelos posts que deixo aqui. Obrigada!

Enfim, a razão para esse novo post, já tarde no domingo, é o choro. Sim, o choro. E, na verdade, muito mais que isso - o sentimentalismo. Eu choro fácil, e você? Não na frente de estranhos; mas se eu estiver em família, totalmente desarmada psicologicamente, sou capaz de chorar até com comercial de TV. Por falar nisso, há um novo em que um rapaz explica que a voz do pai sempre foi um referencial para ele, e acaba com a seguinte frase, após telefonar para ele: "Eu só queria ouvir a tua voz". Nossa, agüento firme; olho para cima, para as lágrimas não caírem; e disfarço a voz presa na garganta... porque é difícil imaginar como serão os próximos meses sem a minha mãe, quando estarei morando nos EUA.

Mas fica a pergunta, sem estereótipos (ou fazendo o possível para não revestir as palavras com isso): Por que o povo brasileiro chora tão fácil? Sim, e por que nos apegamos tão facilmente? Eu adoraria entender. Para falar a verdade há uma série de estudos sociológicos por trás desse aspecto cultural feitos por Sérgio Buarque de Holanda, e outros estudiosos; mas mesmo após estudar o assunto ainda estou intrigada. É uma marca forte demais para ser 100% compreendida em um semestre.

Assunto de uma matéria do Fantástico do dia 24/08 (hoje...), a característica chamou a atenção durante as Olimpíadas. Ah, claro que o atleta iria chorar de emoção ou tristeza, perfeitamente normal! Sim, concordo - mas ficou tão explícito que não conseguimos segurar a emoção nesses momentos, quando outras pessoas (logicamente, não é uma regra!!! Vi muita gente chorando nesses Jogos da Era Moderna, e não havia 'Ordem e Progresso' na bandeira nacional deles) se continham. Sem falar na seção de embarque de um aeroporto, onde foi gravado um grupo de pessoas chorando ao se despedir de alguém.

Lembro de estar num aeroporto em Washington D.C., justamente pensando: "Onde estão as pessoas se despedindo e chorando?". Lógico que elas vão lá se despedir dos seus amigos e familiares, e há quem derrame lágrimas, também; porém o que chama a atenção é o fato do meu inconsciente ter sentido falta desse cenário. Em Belo Horizonte, por exemplo, quando estava fazendo hora no aeroporto, esperando pelo meu vôo para Recife, estava perambulando pelos corredores com a minha amiga Johany, da Venezuela, quando vimos a seguinte cena: Uma mulher sendo amparada por dois rapazes altos, todos chorando convulsivamente, afastando-se do portão de embarque. Nossa, parecia que tinham mandado alguém para a guerra!

Por que somos tão sentimentais? Algumas vezes fui considerada uma 'pessoa fria' (não se assustem, só os meus dias "seja uma pessoa mais prática"), mas após tantos meses em contato com pessoas de outras culturas venho me descobrindo cada vez mais brasileira. É como negar o próprio sotaque. "Não, eu não falo assim...", e começar a escutar a si próprio quando em companhia de indivíduos de outros Estados: Verdadeira crise de identidade!

Aos poucos, às vezes bruscamente, vou entendendo quem é a Rebecca, e do que ela é feita. E, honestamente, não me agrada muito sentir que sou mais ligada às pessoas do que deveria; que me importo demais com os outros; que desejo (vejam só que absurdo!) afeto; e que choro... Ah, eu choro...

2 comentários:

[Leonardo] disse...

e, pra variar, tô aqui chorando!

Unknown disse...

hum... e cada vez mais brasileiros...
[;)]